quinta-feira, 7 de abril de 2011

"Amor e Revolução" estreia sem boa perspectiva


Nesta terça-feira (05/04), o SBT estreou “Amor e Revolução”. A emissora realizou uma ampla divulgação da novela, inclusive nos programas dominicais. Silvio Santos chegou a comentar que estava “desesperado” para promover sua grande aposta. O animador até ressaltou que a produção tem a meta de alcançar dois dígitos na média.
Na última segunda-feira (04/04), foi ao ar o belíssimo último capítulo de “Ana Raio e Zé Trovão”. Fotografia excelente. Texto envolvente que despertou a emoção entre os telespectadores. Agora, o canal exibe uma novela completamente diferente. “Amor e Revolução” explora a espetacularização da violência, marca que já foi abandonada pela Record há algum tempo, depois do desagaste da estratégia. Portanto, a novela de Tiago Santiago buscará outro público, ao invés de agregar novos telespectadores.
Explosões, tiroteios e sangue jorrando na tela marcaram o primeiro capítulo. O autor jogou os fatos que marcaram o início do Regime Militar em 1964 sem a contextualização social e econômica da época. A sociedade brasileira enfrentava difíceis momentos. Explosão do desemprego. Inflação galopante. Crise institucional permanente, após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Tudo isso não foi retratado.
Tiago Santiago deverá, ao longo dos capítulos, estereotipar a figura dos militares como “vilões” e dos grupos de esquerda como “santos e bonzinhos”. O autor tentou até mostrar que as Forças Armadas estavam divididas entre pró e contra Revolução. Apesar disso, as personagens que representam a esquerda simplesmente foram mostradas como vítimas.
Santiago poderia contextualizar sua história com o quadro político mundial que provocou a ruptura do “momento democrático” no Brasil. Na União Soviética, o governo de Stalin, líder do comunismo, dizimou milhões de pessoas (compete com Hitler como o mais sanguinário da história recente). Na China, também país comunista, as políticas de Mao Tsé Tung mataram mais de 50 milhões de chineses.
O autor também deveria ter apresentado a Marcha pela Família, Tradição e Propriedade que demonstrou o descontentamento de importante parcela da sociedade com o governo Jango. No decorrer da novela, Santiago apresentará os efeitos dos Atos Institucionais, mas também poderia citar, pelo menos, os avanços da economia brasileira nos anos 70 (inclusive no Governo Médici) e a sua queda devido à crise de petróleo.
As declarações dos torturados, que serão exibidas no encerramento dos capítulos, é uma cópia de “Viver a Vida”. Só que na novela da Globo, os depoimentos representavam uma esperança para o telespectador com a ideia da “superação”. Já no SBT, serão contadas histórias tristes e até hoje mal resolvidas.
A novela não pode apostar em um texto raso com a exploração de cenas de ação. “Amor e Revolução” mexerá em um “vespeiro” que provocará elogios e também críticas.

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