sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Paciente com aneurisma cerebral pena na CTI do Hospital de Base à espera de cirurgia

 Sandra luta pela vida, enquanto espera pela cirurgia


Ela tem apenas 36 anos, mas está em coma induzido no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Hospital de Base, em Itabuna, para onde foi levada com fortes dores de cabeça na última sexta-feira (16). Sandra Ramos dos Santos foi diagnosticada com aneurisma cerebral e, desde então, se transformou em mais uma vítima do descaso da saúde pública.

O neurologista, responsável por dar o diagnóstico, informou para a família que a paciente está com dois coágulos no cérebro e precisa de uma cirurgia urgente. O caso de Sandra é grave e ela corre risco de morte. Ao Diário Bahia, a sobrinha da paciente, Daniela Silva dos Santos, relatou que, segundo o médico, essa operação poderia ser feita em Itabuna, só que custaria em torno de R$ 100 mil. Pelo SUS, somente em Salvador, para onde ela teria que ser transferida.

Sem condições financeiras, os familiares de Sandra, que é operária da Triffil, ficaram desesperados. Até o momento, todo o dinheiro que eles conseguiram foi R$ 2.500,00, frutos de doações de amigos e colegas de trabalho.

"Negociando a vida"
No entanto, na terça-feira (20), Daniela teve a informação de que era possível a realização dessa cirurgia em Itabuna mesmo e pelo SUS, no Hospital Calixto Midlej. Mais uma vez, a esperança deu lugar à decepção e angústia. "Nenhum médico quer operar minha tia. Soube que é porque não recebem o repasse da Santa Casa", disse Daniela.

Sensibilizados, amigos chegaram a montar um "plantão" na porta da Santa Casa, na tentativa de falar com algum neuro. "Depois de um dia inteiro lá esperando, ele virou para o pessoal e disse: 'Nem particular querem ela aqui. Mas se vocês conseguirem R$ 220 mil, nós damos um jeitinho', fiquei arrasada quando soube disso. O atendimento à saúde é um direito nosso. Estão negociando a vida da minha tia", disparou Daniela.

Ministério Público
A peregrinação da família de Sandra parece estar longe do fim. Na manhã de quarta (21), Daniela procurou o Ministério Público e denunciou o caso. Um dia depois, a jovem era informada pela promotora Renata Caldas, responsável pela área da saúde, que, ao ligar para Salvador para tentar a transferência da paciente, recebeu a informação que o cadastro do SUS de Sandra não era atualizado pelo Hospital de Base havia dois dias.


Daniela, então, foi orientada a voltar ao Base. "Uma funcionária me garantiu que tinha acabado de fazer isso [atualizar]. Voltei de novo para o MP e, na minha frente, Dra. Renata ligou para Salvador novamente e eles repetiram a mesma informação. O cadastro não foi atualizado. Estou indo novamente para o Base. Não aguento mais. Só Deus para me dar forças. Quanta humilhação".

Vale ressaltar que antes de ser transferida para a CTI, uma vez que não tinha vaga, Sandra foi entubada e ficou na sala de reanimação, após ter sofrido duas paradas cardíacas. A vaga no Centro de Terapia Intensiva só surgiu na quarta. "É horrível ver minha tia nessa situação. A gente sofre por não poder fazer nada. Até quando?", desesperou-se Daniela.

Outro lado
O Diário Bahia conversou com o médico Paulo Bicalho, diretor do Hospital de Base. Ele admitiu a gravidade do caso, explicando que o aneurisma é a dilatação do vaso sanguíneo, que pode se romper a qualquer momento, provocando a morte do paciente. Entretanto, garantiu que o hospital está fazendo a sua parte, atualizando diariamente o cadastro junto à Central de Regulação do Estado.
"Não depende do hospital. Não somos nós que determinamos o local para onde o paciente vai, e sim a Central. É claro que eles [a Central] vão sempre dar preferência à unidade credenciada mais próxima à cidade da família, vai depender da vaga", ponderou Dr. Paulo.

Quanto à Santa Casa, o Diário Bahia também manteve o contato com a Assessoria de Comunicação. Mas até o fechamento dessa matéria, a nota de esclarecimento não havia chegado. 

Informações do Diário Bahia 

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