quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Escolas debatem se usar tecnologia em sala ajuda ou atrapalha alunos


Com o fim das férias de inverno da garotada, o Fantástico traz um debate para toda a família: os tablets, celulares e a internet podem ajudar ou atrapalham o estudo? Enquanto algumas escolas estão adotando aplicativos para ajudar na alfabetização, por exemplo, outras aboliram de vez as tecnologias. Mas o difícil mesmo é estabelecer um limite dentro de casa.

Imagina um parque de diversões dentro de um tablet. É mais ou menos isso que o Daniel tem, só de jogos eletrônicos. “Quarenta e oito jogos! Tem mais? Não acredito!”, diz.

A mãe do Daniel acha que ele está superexposto à tecnologia. “Acho, mas acho que a culpa é nossa também, porque a gente incentiva. A gente tem, tanto eu quanto o pai dele, é o nosso dia a dia, diz Denise Fonte.

Mas, como saber o limite, a hora de parar? Essa preocupação não é só dos pais. Também chegou às escolas. “Antigamente, o tabu era tirar a chupeta da criança. E, agora, a chupeta mudou de nome. Virou tablet”, compara a diretora de escola Isabela Janiszewski.

Uma escola para crianças de até cinco anos tomou uma decisão radical: acabou com o uso de tecnologia nas atividades pedagógicas. Nada de computador, tablets, muito menos celular. A escola percebeu que as crianças tinham que aprender a brincar, a ser, simplesmente, criança.

“Crianças pequenas não sabem ver um livro de história. Na hora de ver um livro de história, ao invés de folhear e escutar, eles querem passar o dedo”, aponta a psicóloga Andrea Bellingall.


Em Cuiabá, uma escola também dispensou os computadores. Os alunos têm atividades manuais, como aprender a tocar instrumentos musicais e crochê. “A gente quer que as crianças tenham contato com o mundo real, com o mundo real, diz o diretor Cassio Ceregatti.


Oferecer ou não a tecnologia nas escolas? “O uso da tecnologia pode trazer benefícios, mas também pode comprometer, por exemplo, a capacidade de interação social, o desenvolvimento das chamadas habilidades socioemocionais, que dependem da interação social, da interação entre as pessoas”, diz o neurocientista Fernando Louzada.

O excesso atrapalha. Os pais também não precisam radicalizar e tirar de vez a tecnologia das crianças. “A criança que não tem nenhum acesso à tecnologia pode ficar o que nós falamos de 'analfabeto digital'. Aprender a discriminar o que é útil do que não é útil. Isso também nós devemos ensinar aos nossos filhos e aos nossos alunos”, explica a doutora em psicologia Alessandra Seabra.

Em uma escola pública, a tecnologia é uma aliada da alfabetização. Os alunos aprendem a ler usando o tablet. O jogo é, na verdade, um exercício que ajuda a criança a reconhecer as letras e o professor, a identificar as dificuldades de cada aluno mais rapidamente. “É o reconhecimento da letra? É a memória? Não está fazendo associação da figura com a letra? A partir desse momento, eu vou e transfiro para minha aula”, diz a professora Nívia Cristina Silva.

As crianças podem usar o aplicativo por, no máximo, trinta minutos.

O videogame educativo é usado por 28 mil crianças em escolas públicas brasileiras. A mãe da Emanuelle aprova. “Ela não estava conseguindo acompanhar a turma, mas, com o uso do aplicativo, ela teve uma interação muito maior e conseguiu me dar resultados bem rápidos”, conta Gilmara Maciel.

Especialistas consideram que crianças de até dois anos devem ficar longe das tecnologias. A partir dessa idade, o uso deve ser moderado. “Mais do que duas horas, eu considero excesso. E a sociedade considera, isso já foi pesquisado, porque começa a ter muito sintoma. A criança pode ter dor de cabeça, dor no corpo, irritabilidade, agressividade, queda do rendimento escolar”, explica o neuropediatra Christian Müller.

Por isso, os pais têm que ficar de olho. No caso do Antônio Pedro, de 5 anos, foi o pai que deu o tablet de presente.. ‘Falei, cara, é agora’. Se você jogar a chupeta fora, a fada da chupeta vai te trazer um tablet’. Cara, ele abriu a lata de lixo na loja: ‘Cadê meu tablet?’”, relembra Miguel Sá.

Mas nem por isso, o Antônio Pedro pode brincar no tablet o tempo que quiser. O Caio, também de 5 anos, melhor amigo dele, aprendeu a ter limite, graças à estratégia do pai. “Entregar o iPad com a bateria já quase no final para poder ele devolver”, conta o pai. E não é que eles aprenderam direitinho? (G1)

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