segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

VAMOS REFORMAR?



O ano de 2014 está batendo a porta e, junto com ele, renovam-se todos os desejos de que seus dias sejam melhores que os de 2013. Do ponto de vista político, é possível que seja. Mas, é importante reconhecer-se que o ano que vai ficou marcado em todo o país pelas fortes manifestações populares que exigiram do poder público mais eficiência na administração de algumas demandas essenciais. Esse fato, por si só, já credita ao ano de 2014 uma responsabilidade ainda maior no que se refere à ser melhor do que 2013, ano em que o povo foi às ruas.
Entre as respostas do poder público para os protestos de rua vivenciados no Brasil, houve um claro discurso da presidente da república Dilma Rousseff sobre a necessidade de se efetivar uma reforma política no Brasil. Contudo, não ficou muito claro para o grande público qual seria a dimensão dessa reforma, tampouco se realmente será feita no ano próximo ano. É possível que o atraso em efetivá-la seja proposital, numa tentativa de eliminar-se qualquer possibilidade de que novas regras instituídas não tenham validade no próximo pleito.
Por este mesmo motivo, é grande a possibilidade de que o povo volte às ruas em 2014, no mesmo período em que aconteceram os protestos no ano de 2013, próximo do momento em que acontecerá a Copa do Mundo, aproveitando-se a visibilidade que este evento dará ao país.
Então, cientes que são os cidadãos que protestaram, é bom que se diga e se ratifique qual é o real significado de uma reforma política no Brasil. E isso deve estar claro na mente dos jovens. A reforma política deve ser feita para que se discuta se o voto deve ser obrigatório ou não, a reforma política deve questionar o tempo de mandato dos líderes políticos eleitos, deve questionar se o Brasil deve continuar tendo reeleição, deve criar regras ainda mais duras e severas contra políticos corruptos e desonestos, deve perguntar ao povo o que ele acha do atual modelo eleitoral que escolhe os nossos legisladores, se o voto no partido deve permanecer ou não, se a lei do coeficiente eleitoral deve continuar, se o tempo que cada partido tem na propaganda de rádio e TV deve ser distribuído desse jeito como se faz atualmente, se o país precisa realmente de tantas legendas. São essas e outras respostas que precisam ser dadas à população brasileira numa reforma eleitoral.
Para além disso, é importante que essa reforma seja ampliada para outros setores da sociedade. Para o Poder Judiciário, por exemplo. É interessante a ideia de que os líderes e representantes do Poder Judiciário sejam escolhidos democraticamente através do voto popular. A dimensão dessa mudança no Poder Judiciário é relativa à vontade do brasileiro de que a Justiça seja mais ágil e mais eficiente.
Seria importante que se fizesse uma reforma no sistema de saúde pública do país. Seria interessante, por exemplo, que pessoas que tenham uma renda maior fossem obrigadas a buscar seus tratamentos de saúde pelo SUS. Ou então que os planos de saúde privados tivessem de reservar 35% de suas cotas de associados preenchidos por pessoas de baixa renda, tudo custeado pelo governo.
Seria importante que os serviços de segurança pública também fossem reformados. Só que, neste caso, como os problemas parecem mais complexos, uma simples consulta popular ou mudança de regras, talvez não sejam medidas solucionadoras de algumas questões. Levando-se em consideração que parece que há um crescimento vertiginoso na quantidade de pessoas que adentram o mundo do crime, e igual diminuição da quantidade de agentes de segurança pública, observa-se, pois, que a matemática realmente não ajuda. Para que um cidadão vire um marginal, depende somente de uma decisão e um pouco de coragem. Para que a Polícia Militar coloque nas ruas um policial formado soldado, há aí um intervalo de tempo que pode variar entre um ano e meio e dois anos. Ainda assim, isso não invalida a necessidade do povo ser consultado e dos políticos observarem a vontade popular sobre outros assuntos importantes: redução da maioridade penal, instituição da pena de morte e da prisão perpétua são alguns dos mais polêmicos.
Para além disso, não faltam no país necessidades urgentes de outras e outras reformas. Reforma tributária, reforma fiscal, reforma econômica, reforma educacional, cultural. Tudo isso permeia a vontade que todos os brasileiros têm de mudar para melhor o país onde vive. E, pelas mobilizações que aconteceram em 2013, nunca uma frase do tipo “Que em 2014, tenhamos dias melhores” nunca teve tanto peso como tem agora.

Isso indica, inclusive, que as reformas são o reflexo mais claro de que a democracia brasileira está amadurecendo de verdade, está ganhando novos contornos. Está crescendo e aparecendo. Só que nenhuma dessas reformas acontecerá se a principal delas não acontecer. O povo brasileiro também precisa reformar-se; precisa de uma reforma de consciência. Essa, sim, fará a diferença nesse processo de se retirar do vazio inócuo os desejos de um ano melhor, um país melhor, e colocar essa premissa no campo das crenças palpáveis, no campo dos desejos realizáveis. Desse modo, evolui-se. Feliz 2014 para você!
FONTE: BLOG DO RICK

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