terça-feira, 10 de julho de 2012

Greve dos professores vira tema de aulas e trabalho valendo ponto




Na manhã de hoje, estudantes do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Manoel Novaes, no Canela, têm que entregar um trabalho com peso 7: um jornal sobre greve. A tarefa foi passada pelo professor de Filosofia Carlos Magno Pessoa, que teve sua aula assistida pela reportagem do CORREIO nesta segunda (9).
Já no Colégio Estadual Davi Mendes Pereira, em Colinas de Pituaçu, na sexta-feira passada, o tema da aula de Filosofia ministrada pelo professor Paulo Roberto também foi greve. Assim como no Canela, o CORREIO acompanhou a aula dentro da sala.
As duas unidades de ensino estão entre os 19 colégios-polo criados pela Secretaria Estadual da Educação (SEC) para que as aulas do 3º ano fossem retomadas mesmo sem o fim da greve dos professores, que completa 91 dias hoje.
O objetivo era tentar diminuir o prejuízo dos estudantes que vão prestar vestibular e fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas, ao que parece, a greve continua em pauta na sala de aula.
“O que é a greve, quais as razões, o que os professores querem, os prejuízos aos alunos, a postura do governo... Tudo isso tem que estar no jornal”, enumera o estudante Thiago da Silva, 18, que nesta segunda (9) passou a tarde finalizando o trabalho que vai entregar hoje no Manoel Novaes.
Enem Já com a produção do jornal em andamento, ontem o aluno perguntou ao professor qual seria a relação entre o Enem e a greve. “Tem a ver com a redação dos exames. A Filosofia exercita o pensamento e ajuda a avaliar os fatos. Quando o aluno estiver redigindo o jornal, vai trabalhar exatamente essas questões”, respondeu Pessoa.

A argumentação, porém, não convenceu Thiago. “Procurei até a direção da escola para reclamar. Não entendi o motivo de fazer um trabalho com esse peso todo sobre esse assunto, se estou aqui nessas aulas para me preparar para o Enem”, diz.
Tentando recuperar o tempo perdido com a greve, o jovem tem participado de grupos de estudo na Biblioteca Pública com alunos de diversas escolas. “A própria direção mandou que eu estudasse em casa, porque o Enem já está na porta e, do jeito que vai, não tem como preparar os alunos a tempo”, lamenta.
Na presença do CORREIO, o professor Carlos Magno explicou que o jornal sobre a greve deveria ser entregue até hoje porque ele ficará fora da escola por duas semanas, participando de um congresso no exterior. 
“Só aceito até amanhã (hoje). Na minha ausência, vocês farão outros trabalhos e o horário da minha aula não poderá ser cedido a outros professores”, disse o professor, enquanto entregava aos líderes das turmas duas pastas contendo as orientações do próximo trabalho, que terá peso 5.



Nenhum comentário:

Postar um comentário