sexta-feira, 16 de março de 2012

Psicóloga dá dicas para concurseiros lidarem com pressão e ansiedade

Além de encarar a maratona de estudos e provas, quem decide entrar para o mundo disputado dos concursos públicos precisa cuidar da mente.


Quem decide entrar nesta acirrada disputa sabe que não tem só pela frente uma rotina intensa de estudos. A maratona de cursinhos, aulões e horas à frente dos livros não é suficiente para um bom desempenho. É preciso saber lidar também com questões que podem abalar o lado emocional e, por conta disso, arruinar todo o tempo dedicado aos livros.
Inevitavelmente, o candidato será provado com a tentação de festas, cobranças familiares, pressão para decidir o futuro de sua carreira, além de algumas noites de sono perdidas.
Psicóloga Ana Paula Hawatt ensina concurseiros a lidar com ansiedade e pressão das provas (Foto: Rede Globo)
A psicóloga Ana Paula Hawatt, especialista em terapia cognitiva comportamental, deu dicas para lidar com a ansiedade que pode surgir nos períodos que antecedem as provas de forma saudável. “A ansiedade é um sentimento fundamental nesses momentos importantes da vida do candidato. A pressão é natural. A melhor forma de lidar com isso é reconhecer que ela existe e descobrir estratégias que o tranquilizem”, aconselha.
JN: Quem se cobra demais pode ser prejudicado?

Ana Paula Hawatt
: É prejudicial sim, porque quanto mais exigentes somos conosco mais ansiosos nos tornamos.

JN: O que o candidato não pode deixar de lado para não perder o equilíbrio entre os estudos e a vida social?

Ana Paula Hawatt: Neste caso não pode haver equilíbrio. Quando a pessoa toma a decisão de fazer concurso, realmente, tem que preterir a vida social. A dedicação tem que ser quase exclusiva. A determinação é importante, por causa do prazo que se tem a obedecer. Não estou dizendo que não se pode fazer nada, mas, na realidade, é isso mesmo: quase nada, porque o tempo é determinante para um bom resultado no concurso na maioria dos casos. Para se passar no concurso, tem que ter força de vontade, dedicação e, por um tempo, muitas renúncias, porque um bom resultado em concurso depende dessa determinação que o candidato tem que ter.

JN: Com a proximidade das provas, muita gente toma a decisão de mergulhar nos estudos ainda mais intensamente. Por exemplo, alguns frequentam os famosos aulões na véspera da prova. Até que ponto isso é saudável?

Ana Paula Hawatt:
Não é como se o tempo estivesse acabando. Realmente, para aquele determinado concurso está acabando mesmo. Mas, geralmente, pessoas que já estudaram bastante preferem se isolar e estudar sozinhos, porque acham que esse clima de aulão aumenta a ansiedade e se sentem mais pressionados. Cada candidato é que tem que saber o que pode provocar menos ansiedade para ele mesmo. Sem dúvida, essas dicas podem ser muito positivas nos momentos que antecedem o concurso.

JN: Existem exercícios para diminuir ou acabar com a exaustão mental?

Ana Paula Hawatt:
O ideal é não deixar que essa exaustão mental aconteça, é se policiar para estudar muito, mas de maneira saudável, dando um tempo quando se sentir cansado. É nesses momentos que uma distração – um cinema, um passeio – pode ser bem mais eficaz do que insistir quando a cabeça não está mais produzindo. Ter consciência de seu limite faz toda diferença na saúde mental de qualquer pessoa.

JN: Muitas horas de estudo podem contribuir para o cansaço mental?

Ana Paula Hawatt:
Pode, mas não tem outro jeito: é estudar muito, de forma tranquila, sabendo que a concentração é maior à medida que se está mais calmo.

JN: Noites mal dormidas podem contribuir para o estresse?

Ana Paula Hawatt: Uma noite mal dormida faz mal a qualquer pessoa, por isso que preservar o sono é um entre todos os cuidados que o candidato tem que tomar. Porque o sono atrapalha na concentração, aumentando a ansiedade, levando ao cansaço e ao estresse.

JN: Existe alguma dica prática para a pessoa recuperar a calma? Se na hora da prova bater aquela tensão, existe algum jeito de controlar e começar do zero?

Ana Paula Hawatt
: Um exercício fundamental é respirar corretamente. Não use a boca. Inspire profundamente e lentamente, e expire mais devagar ainda. Essa técnica é muito eficiente para o controle da ansiedade, levando a uma clareza de pensamento, aumentando o equilíbrio e a concentração. Saber que fez o que podia e se dedicou o máximo é fundamental para aquisição dessa serenidade.

JN: Cada candidato tem sua personalidade e forma de lidar com seu planejamento de estudos. Existe uma fórmula que possa se adequar a todos?

Ana Paula Hawatt
: Claro que cada um tem que encontrar o que se adeque melhor para si mesmo. Mas tem certas coisas básicas, como a quantidade de horas: estudar bem por muito tempo é melhor do que estudar bem por pouco tempo; fazer esquema de estudo; escrever o que estuda ajuda o candidato a fixar mais o conteúdo, isso afasta o cansaço – ele pode retomar os tópicos com mais facilidade.

JN: O que você considera como maior erro de um candidato a concurso?

Ana Paula Hawatt:
Achar que já estudou demais. Quem está muito motivado e leva o estudo a sério sempre se sente com vontade de estudar mais. Controlar a ansiedade e tentar não se influenciar tanto com a pressão – tanto interna quanto externa –, vai dar mais estabilidade emocional, contribuindo para o melhor aproveitamento dos estudos do candidato.

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