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Não há idade. De bebês a idosos cantam e dançam o lambadão, que já foi ironizado nacionalmente sem que os movimentos culturais de Cuiabá reagissem à altura. Como o Axé, na Bahia e o Funk no Rio de Janeiro, a dança do lambadão tem versões sensuais e que se restringem aos jovens. A sua dança, no entanto, para a maioria, não exige apelo sensual.
Como está presente principalmente na periferia, onde há falta de lazer, espaços culturais e clubes devidamente estruturados, o lambadão sofre com o preconceito. E inclusive os bailes são alvo frequente da polícia, que invade os estabelecimentos e submete os participantes da festa a revistas constrangedoras.
Gisa Barros, advogada, promoter e empresária de uma banda de lambadão, sabe bem o que é isso. Ela e seus pais, que trabalham juntos, se dedicam a eventos e por várias vezes sofreram com a ação policial. Membro do Conselho Estadual de Cultura, Gisa é uma das grandes defensoras deste ritmo, porém lamenta a falta de espaço e de respeito ao lambadão.
Com batida acelerada, feita com sons contagiantes, são mais de 100 grupos, que movimentam uma indústria paralela à das grandes gravadoras, inserindo artistas, músicos, técnicos e inúmeros outros profissionais no mercado de trabalho. Bandas como Scort Som, Os Amigos, Styllo - e tantas outras – são sucesso absoluto nos bailes de lambadão. Sem estrutura financeira, se esforçam para lançar CDs e DVDs, naturalmente vendidos no mercado paralelo por falta de condições para arcar com os custos de uma gravadora.
Mesmo enfrentando muitas barreiras e dificuldades, as bandas não se deixam intimidar e seguem difundindo a cultura cuiabano, muitas vezes renegada, mas digna e, o melhor, sucesso absoluto. Vanda Teodora da Silva, moradora do bairro Santa Isabel, e toda sua família gostam do lambadão. Seu sobrinho Pedro, de 1 ano, é a prova concreta de que o ritmo realmente contagia.
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