terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aluna do Topa comemora 100 anos na sala de aula




Dona Maria Enedina não tem mais a mesma firmeza na mão, nem uma vista muito apurada, mas nada disso impediu que, aos 100 anos de idade, decidisse começar a estudar. Há dois meses, a senhora se matriculou no Programa Todos Pela Alfabetização (Topa), oferecido pelo Governo do Estado e, pela primeira vez, teve a oportunidade de freqüentar a sala de aula.

“Sempre tive vontade de aprender a ler. Isso era meu sonho, não podia morrer sem saber fazer pelo menos meu nome”, afirmou Dona Maria, enquanto explicava que foi o pai quem a proibiu de ir à escola. “Ele dizia que, lá, eu ia acabar arranjando um namorado, e não me deixava ir, só meus irmãos. Cresci assim, sem ir à escola e, por causa disso, passei muita dificuldade nessa vida”.

Na mesma turma de Dona Enedina, o filho dela, Lourival Rodrigues, que tem 61 anos, também está sendo alfabetizado. Lado a lado, os dois enfrentam as dificuldades de começar depois de tanto tempo. “Quando a gente é menino não quer pensar em escola, só quer diversão, pescar, caçar. Quando chega essa idade é que vai saber o que é uma sala de aula e como ela é importante,” disse Lourival.

Para o resto da turma, que tem média de idade de 40 anos, mãe e filho são exemplos de empenho e dedicação. “Quando ela chegou, me surpreendeu, pela força e pelo desejo de aprender mesmo com essa idade”, contou o colega de sala, José Santana.

A professora Eunice Correia afirmou que Dona Enedina é uma das mais assíduas. “Ela vem todo dia e apesar das dificuldades motoras mostra interesse e participa de tudo”.

Dona Enedina, que nasceu em Itabuna e mora em Ilhéus, é tão querida pelos colegas que ganhou até uma festa de aniversário. A comemoração teve direito a bolo decorado e vela dos 100 anos.

Depois dos parabéns, ela abraçou a todos e, emocionada, recitou um verso em agradecimento. “Viva o dia, viva a noite e viva o meu jardim de flor. Viva todos os alunos e o meu professor”.


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