segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Governo começa a pagar salários cortados de professores grevistas

Escola (Foto: Lílian Marques/G1)



A Secretaria de Educação da Bahia informa que efetuou o pagamento dos salários da maioria dos professores que participou da greve na rede estadual de ensino, que durou 115 dias. Segundo a secretaria, cerca de 8 mil profissionais não receberam os vencimentos até esta segunda-feira (6). O órgão afirma que os valores serão depositados tendo como pré-requisito a definição do calendário de reposição de aulas, que deve ser aprovado pelo colegiado de cada unidade.
A Bahia possui 32 mil profissionais de educação e, do total, 80% integraram o movimento grevista, segundo Marilene Beltros, vice-coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB). A sindicalista contesta a informação repassada pelo governo e diz que mais de oito mil professores não receberam os salários até o momento.
Retorno das aulas
O fluxo de estudantes foi pequeno no primeiro dia de aula em uma das maiores escolas públicas estaduais em Salvador, o Colégio Estadual da Bahia, mais conhecido como Central, na manhã desta segunda-feira (6), dia de retorno às aulas após a greve dos professores.
Muitas salas estavam vazias por volta das 7h30, horário de início das atividades nas turmas. Algumas tinham dois alunos e outras até 15 estudantes. De acordo com o diretor da escola, Cléber Azevedo, a unidade tem total de 1.250 alunos divididos em turmas do ensino médio. O movimento na sala dos professores era intenso no início da manhã. Segundo Azevedo, 39 docentes fazem parte do quadro de ensino da unidade escolar.
Escola (Foto: Lílian Marques/G1)

A expectativa da maioria dos alunos após quase quatro meses sem aula é baixa. "Só tivemos dois meses de aula, ficamos na 1ª unidade, nem fizemos testes e provas [avaliações]", observa Luis Carlos Conceição, 17 anos, aluno do 1º ano do ensino médio. Para ele, que tentou estudar em casa nos primeiros dias da greve, mas afirma ter perdido o estímulo quando viu o movimento se prolongar, a greve dos professores acabou sendo um pouco dura para os alunos. "Achei a greve um pouco rígida. Tanto tempo parado para não obter o resultado que eles esperavam, não foi uma paralisação inteligente", disse.

Reposição
O diretor do Colégio Central, Cléber Azevedo, confirma que o calendário de reposição de aulas será feito por cada unidade escolar e enviado à Secretaria da Educação da Bahia (SEC). "Vou ter uma reunião com os professores para fazer o calendário e depois vamos encaminhar para a secretaria. Quando o calendário for homologado, começa a ser cumprido. Por enquanto, as atividades serão retomadas de onde os professores pararam. Vamos fazer um esforço para ter um calendário que não prejudique os alunos do 3º ano e só vamos usar o sábado se for produtivo para realizar as atividades. Ainda temos que ver a conclusão do ano letivo para não chocar com o início do ano letivo de 2013. Não é fácil, mas vamos fazer o possível", afirma.
A maioria dos estudantes não gosta da ideia de não ter férias durante o verão. "Ninguém gosta. A gente não quer ficar aqui até dezembro, imagine no verão, carnaval, por causa de um problema entre os professores e o governo", diz o estudante Luis Carlos.
A Secretaria de Educação do Estado (SEC) informou através de nota oficial na sexta-feira (3) que os professores são os responsáveis por elaborar novo calendário de aulas para alunos da rede estadual. A secretaria orienta que os professores deverão utilizar os sábados e estender a programação das aulas até os meses de janeiro e fevereiro do próximo ano.

O secretário Osvaldo Barreto informou que mais de 700 escolas estão fazendo a reposição, já que as mesmas terminaram a greve antes do sindicato. "Uma parte significativa das escolas terão sua vida normalizada até o final de janeiro e uma pequena parte, pouco mais de 200 escolas, farão o processo de reposição em fevereiro. O calendário não chocará porque nós vamos trabalhar com dois calendários. As escolas que irão terminar as aulas em janeiro não irão chocar o calendário 2013 e as poucas escolas terão um calendário especial", relatou o secretário de Educação do Estado. Ainda de acordo com o secretário, a matrícula 2013 será realizada em período normal. A orientação é que o aluno seja matriculado para o ano seguinte e ele ficará condicionado ao processo de aprovação escolar.

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