quarta-feira, 4 de julho de 2012

'Isso é uma grande injustiça', reclama jovem sobre aulas apenas para 3° ano

Esquema de reposição de aulas para 3° ano desagrada outras séries.
Medida foi montada devido à greve dos professores, que dura há 85 dias.


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A reposição das aulas do 3° ano que ocorre em regime especial desde o início do mês, na tentativa de reverter prejuízos frente à greve dos professores, tem gerado polêmica entre os estudante deSalvador. Nesta quarta-feira (4), o estado vive o 85º dia de paralisação, em uma campanha da categoria por rejuste salarial.
O esquema de aulões atende a cerca de 22 mil alunos do terceiro ano e é realizado em 19 escolas-polo, situadas em bairros estratégicos da capital. Mães e avós de estudantes que discordam com a exclusão das outras séries protestaram, como a dona de casa Regina Barbosa. "Meus netos estão todos à toa, tudo na rua. A gente sem saber mais o que é que faz, são quase três meses sem aula", lamenta. Em entrevista, a estudante Ellen Oliveira chegou a chorar ao comentar a situação. "A gente estuda em colégio estadual, isso é uma grande injustiça, porque eu vou perder de ano", afirma.
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No colégio estadual Almirante Barroso, no bairro de Paripe, alguns alunos reclamaram das aulas nas escolas-polo, um deles é o jovem Nei Jackson. "A professora de biologia ensinando como diferenciar cobra coral verdadeira de falsa. Em minha opinião, eles não são qualificados a dar aulas para alunos de ensino médio", diz. A diretoria da unidade disse que não podia abordar a questão da reposição do calendário e informou que o assunto cabe apenas à Secretaria de Educação da Bahia.
O secretário estadual da Educação, Osvaldo Barreto, reconhece que o calendário de volta às aulas pode ter falhas e diz que os assuntos do ensino fundamental servem como revisão para os alunos do ensino médio. "O professor muitas vezes detecta fragilidades no aluno que remetem, por exemplo, a conteúdos da oitava série", explica. O secretário afirma que a proposta do governo está inalterada, mas aponta que, se a greve for encerrada, haverá negociação com o sindicato "para afinar detalhes da proposta". "Mas a proposta econômica é a que cabe no orçamento do estado e isso está colocado desde o mês de abril", relata.
De acordo com os professores grevistas, a greve da categoria deve continuar se o governo manter a postura de não negociar. A vice-coordenadora do sindicato, Marilene Betros, afirmou que a categoria está decepcionada com o governo, na assembleia-geral que foi realizada na terça-feira (3), quando decidiram pela continuidade do movimento. 
Protesto
Na cidade de Itabuna, região sul da Bahia, os professores em greve fizeram manifestação pelas ruas do centro, com faixas, cartazes e até carrinho de supermercado, para potestar contrao corte nos salários dos grevistas.
Justiça
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), cassou os efeitos da liminar que declarava a ilegalidade da greve dos professores estaduais da Bahia e pedia o retorno imediato dos profissionais às atividades sob pena de multa diária de R$ 50 mil. O processo será julgado pelos desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Em nota, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) ressalta que o julgamento atual não afeta o do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve o corte do salário dos professores que participam da greve. 
Demissões
57 professores do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) tiveram os contratos rompidos com o Governo do Estado da Bahia por não acatarem a convocação de retornoimediato às salas de aula, segundo informações da Secretaria de Administração do Estado (Saeb). O desligamento dos profissionais foi oficializado em divulgação no Diário Oficial do Estado de quinta-feira (28).
No mesmo dia, foi publicado no documento o afastamento de três professores efetivos, com punição aplicada a eles de processo administrativo por indisciplina, de acordo com a Saeb. Os três serão punidos por adotarem comportamentos inadequados, como vandalismo e ameaças, ao tentar impedir aulas para estudantes do 3º ano do ensino médio do Colégio Thales de Azevedo, no bairro do Costa Azul, em Salvador.
Pedido dos professores
Os professores pediram reajuste de 22,22%. Eles alegam que o governo fez acordo com a categoria, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional, e depois ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. No dia 25 de abril, os deputados aprovaram o projeto enviado pelo executivo que garante o piso nacional a mais de cinco mil professores de nível médio. A proposta feita pelo governo prevê reajuste salarial entre 22% e 26% por meio de progressão na carreira, através da presença regular em cursos de qualificação promovidos pelo governo. O sindicato aponta, por outro lado, que a proposta não contempla os professores aposentados, em licença médica e estágio probatório.

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