quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cientista político avalia conjuntura da disputa eleitoral em Salvador

Cientista político avalia conjuntura da disputa eleitoral em Salvador


“Vai ser uma campanha complicada, com três propagandistas com reais chances de vitória”, sentencia o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia Wilson Gomes. Apesar da disputa eleitoral pela prefeitura de Salvador ainda estar no início, já é possível citar fatores que podem favorecer ou prejudicar os principais candidatos. Em entrevista ao Bahia Notícias, Gomes faz considerações sobre as eleições de 2012. Por enquanto, não há favoritos. “Parecia que o PT ia nadar de braçada, mas tem cometido erros neste começo de campanha que se tornam condições desfavoráveis”, explica. Gomes acredita que existem três fatores principais que podem prejudicar a candidatura de Nelson Pelegrino (PT) este ano. “O primeiro fator é a greve. Não vai ser bom para candidatura na capital nem no interior. Não é só a questão do julgamento das pessoas sobre a greve – ou seja, seus filhos estarem em casa sem ter aula – mas também o julgamento das consequências impostas aos grevistas como, por exemplo, o corte salarial. O professor é uma figura respeitada”, aponta o cientista político. A rejeição ao carlismo é o segundo fator. “Havia um tempo em que as pessoas tapavam o nariz e falavam que iam votar no menos pior dos candidatos não-carlista. Grande parte da eleição de Wagner se deveu à essa rejeição. Agora é o contrário, isso afeta ACM Neto menos do que já afetou outros candidatos e, por outro lado, as pessoas parecem cansadas do PT”, explica o professor. “O terceiro fator é um fastio com relação ao PT. A máxima expansão do charme do partido parece ter sido atingida. Ainda é cedo para dizer, mas parece que esse charme não vai bastar”, comenta Gomes. 
 








Já Mário Kertész (PMDB) teria, segundo ele, outros elementos que merecem atenção. “O ponto forte está relacionado ao tempo que ele tem a frente da Rádio Metrópole lidando com o varejo político relacionado aos problemas locais. Isso vai ser uma vantagem, sobretudo porque a agenda de eleições municipais trabalha em cima de problemas concretos. O ponto fraco da candidatura dele tem a ver com a reputação, o passado, a história que ele tem”, pondera o cientista. Os desafios de ACM Neto, para o professor, estão ligados a herança política carlista. “É sempre a ambiguidade da candidatura dele. Ele não pode se vincular excessivamente a essa herança. Por outro lado, não pode se afastar demais, ou perde o eleitorado do seu DNA político. Dificilmente ele pode ter sucesso apenas apostando na saudade de ACM, esses votos carlistas não garantem eleição”, examina. Quanto à aliança do DEM com o PV, Wilson Gomes é agudo. “Isso vai acrescentar mais em relação à imagem do que na quantidade de votos da colisão, porque o PV não tinha votos nem pra si”, garante. O cientista político também aponta uma característica peculiar da disputa eleitoral este ano em Salvador: as três chapas majoritárias possuem vices negros e com inserção em movimentos sociais. “Quem inventou esse modelito foi o ACM Neto e depois todo mundo passou a copiar. Mas como todos usaram, acaba que um anula o outro em termos de argumento”, avalia. Segundo o professor, o resultado das urnas depende muito do carisma, da condução de imagem e do discurso de cada candidato. “Não vai ser fácil para nenhum dos três, vai ser uma campanha interessante e competitiva”. Quando questionado sobre a situação dos outros candidatos, Rogério da Luz (PRTB), Hamilton Assis (PSOL) e Mário Marinho (PRB), Wilson Gomes foi categórico. “Eu acho que eles não têm a menor chance. Eles estão se candidatando a outra coisa que não prefeito, talvez para ganhar alianças. Uma eleição com três pólos, não vai ter voto quicando. Os votos brancos e nulos vão ser maiores que os deles somados”, presume. 

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