quarta-feira, 11 de julho de 2012

Cheios de queixas, alunos do 3º ano entregam jornais sobre paralisação

Mesmo sem entender a relação da greve dos professores com o conteúdo do Enem, alunos do 3º ano do Colégio Manoel Novaes produziram jornais sobre o tema, a pedido do professor de Filosofia. Agora, torcem para recuperar o tempo perdido com a paralisação

 

 

 

No lugar do enstusiamo, o silêncio. Antes animado com a orientação de trabalhos sobre greve para alunos do 3º ano do ensino médio, nesta terça (10), o professor de Filosofia Carlos Magno Pessoa preferiu se calar.
De acordo com alunos do Colégio Estadual Manoel Novaes, no Canela, nem aula ele deu, após ler reportagem do CORREIO, mostrando que a greve dos professores havia se tornado tema de suas aulas de reposição.
“Ele entrou na sala, pegou os trabalhos e colocou presença nos alunos. Não fez nenhum comentário”, relatou a estudante Tamires Azevedo, 18 anos. Os trabalhos mencionados por ela são os jornais da foto acima, que têm peso 7 e tinham que ser produzidos em cima da greve dos professores da rede estadual, que completa hoje 92 dias.
Procurado pela reportagem, o professor não quis comentar o assunto. “Ele não quer falar e disse que o trabalho é uma expressão puramente dos alunos”, reproduziu o estudante Thiago da Silva, 18 anos.
Em meio a reclamações, os alunos entregaram o Jornal da Manhã - Diário Oficial do Manoel Novaes, o Maneco News! e o Jornal Estudantil. Desde que recebeu as orientações, Tamires, que formou equipe com quatro colegas para produzir o Estudantil, não compreendeu de que forma o assunto somaria ao seu aprendizado. 
“Só fiz para não perder o peso da avaliação. Não tem nada a ver com os estudantes. Já acompanho a greve nos meios de comunicação. Quero é aula”, diz Tamires. Os jornais são uma espécie de clipagem de notícias da internet. “Não tem como a gente produzir texto, porque nada disso vai cair no Enem”, completou Thiago.
Sua parceira na edição do Diário Oficial do Manoel Novaes, Vanessa Passos, 18, também reprovou a ideia de tratar a greve dos professores na sala de aula. “Espero que a partir de agora (da reportagem do CORREIO) as coisas mudem. O jeito foi falar da quantidade de dias parados, do vídeo das ‘Estudetes’... Buscamos tudo na internet”, contou.
Enquanto os alunos repercutiam o caso nos corredores, a direção do colégio não se manifestou. O vice-diretor, José Mário Regis Costa, informou, por meio de um recepcionista, que só a diretora poderia falar sobre a abordagem da greve nas aulas. “Só quem fala é a diretora e ela não está”, explicou o funcionário.
Pituaçu
Longe dali, na porta do Colégio Estadual Davi Mendes, em Colinas de Pituaçu, a reportagem também foi barrada. Na unidade de ensino, o CORREIO acompanhou outra aula, também de Filosofia, em que o professor Paulo Roberto debatia a greve com os alunos.
“O vice-diretor não está. A imprensa não pode entrar na escola e deve procurar a Secretaria da Educação. Aqui, ninguém vai comentar nada”, avisou um vigilante.
Antes, porém, por telefone, o vice-diretor, Orlando Rosário, queria comentar a reportagem. “Estamos com um colega na iminência de ser cortado. A Secretaria ligou querendo confirmar se o professor mencionado na reportagem trabalha aqui”, disse. Apesar de alunos confirmarem que Paulo Roberto deu aula ontem, ele também não foi encontrado para comentar o assunto.

 

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